domingo, janeiro 28, 2007

Sondagens...

A propósito de sondagens:

[resumo]


Abstenção cresce com o "sim" a perder terreno
Preocupantes sintomas de crescimento da abstenção eis o mais relevante indício do comportamento do eleitorado perante o referendo à interrupção voluntária da gravidez recolhido pela sondagem da Universidade Católica, que hoje publicamos. O estudo, realizado para o JN, RTP e Antena 1, revela que em três meses - desde o último, de Outubro passado - o sim à despenalização perdeu 13% dos adeptos, preservando ainda assim uma vantagem de 18%.
O número de eleitores que decidiu não se deslocar às mesas de voto a 11 de Fevereiro cresceu quase tanto como o de indecisos, o que reduziu a percentagem de inquiridos que dá garantias de exercício do seu dever cívico. Os fenómenos de recusa de participação na consulta ou de alheamento do processo, mais acentuados no Alentejo e entre os mais idosos, demonstram que a intervenção de movimentos cívicos e partidos nesta fase de pré-campanha não está a ser mobilizadora. Exemplo quase um terço dos eleitores do Bloco de Esquerda, que apela ao sim, não está disposto a votar.
(...)
O conjunto de variáveis fornece conclusões relativamente previsíveis. Desde logo, a influência religiosa na opção pelo não. Mas também o facto de a despenalização do aborto ser uma causa da Esquerda (o PSD é o partido mais dividido, o que justifica a "neutralidade" oficial) e de a recusa de mudança ser maioritária a Norte.
(...)
De facto alguma coisa está a faltar. E esta sondagem revela os sintomas desse mesmo mal. Abstenção a crescer, consequentemente "sim" a descer, e "não" a ganhar terreno, não por mérito próprio da campanha, creio eu, mas por via do crescimento dos indecisos e da abstenção.
A campanha pelo "Sim" vislumbra-se cada vez mais díficil, numa altura em que ainda não se iniciou a campanha oficial, o "mercado" apresenta sintomas de já estar saturado... Assim a taxa de penetração é cada vez mais diminuta. Há que, por assim dizer, inovar. É o que o "Sim" parecer querer fazer, e bem. No entanto é necessário mais. Não bastam debates, aliás, há já algum "cansaço" de debates e sessões de esclarecimento, necessário agora, penso eu, serão campanhas de rua, iniciativas cara-a-cara. É preciso ir ao encontro das pessoas, ouvi-las e elucidá-las das nossas causas, fazê-las tomar consciência do que é justo, e digno portanto, contudo, jamais radicalizar o discurso ou desrespeitar os opositores . E nós JS, embora limitados neste momento enquanto movimento, teremos que dar todo o nosso esforço e apoio a iniciativas cujos promotores pensem como nós. Dentro da própria Jota é imperativo apoiarmos as iniciativas que surjam, como é o caso das de algumas concelhias, lembro-me agora das de Alcobaça, Peniche e Pombal, mas quando não há iniciativa dentro da Jota, enquanto Socialistas, Jovens, Cidadãos e conscientes, temos o dever e a obrigação de colaborar com iniciativas externas que visem atingir os objectivos pelos os quais todos nós torcemos, p.e. http://www.jovenspelosim.org/
Com os parágrafos acima talvez tivesse feito transparecer a ideia de que até agora o causador do tal mal tem sido a Campanha pelo "Sim", não, ressalvo, pelo contrário, até este momento todos os que lutam pelo "Sim" estão de Parabéns! nunca antes tinha havido um envolvimento cívico desta magnitude e dinâmica. A causa das dificuldades dos movimentos do "Sim" foi ligeiramente abordada no texto publicado no JN:
"(...)O conjunto de variáveis fornece conclusões relativamente previsíveis. Desde logo, a influência religiosa na opção pelo não.(...)"
Aqui, e não só, está o grande adversário do "Sim". O Conservadorismo e outras "viroses", alheias também ao progresso, que teimosamente persistem na massa encefálica de uma grande fatia da nossa população.
Somos um país de Défices. Défice comercial, orçamental, e mais preocupante ainda o Défice Cultural. Os dois anteriores resolvem-se a médio prazo, com um PEC e uma adequada política económica, agora este último é multi-geracional. Talvez só no prazo de 10 a 20 anos é que será equilibrado este défice; que tanta dificultade coloca a tudo: ao desenvolvimento, à dignidade, ao progresso e à própria economia. E o que se observa neste referendo é uma tremenda dinâmica das ondas Conservadoro-Católica orquestradas por personagens também elas "sub-nutridas" em termos de Progresso e Desenvolvimento, que têm capacidade para dissimuladamente "vender gato por lebre" e proferir homilias "fungosamente" marcantes para aqueles que, quase inocentemente, são guiados por corredores em que a (auto) crítica e a voz própria, essas sim, são consideradas como que um crime.
Camaradas, mobilizem-se, lutemos pelos nossos objectivos, esqueçamos querelas e protagonismos, e dentro ou fora da Jota encontremos parceiros para connosco lutar e conseguir uma vitória pela Justiça, pela Dignidade e pelo Desenvolvimento, o mesmo será dizer pelo Sim!
Um Abraço!
Nuno Cordeiro
Secretário Federativo Distrital JS Leiria

Sem comentários: