sábado, janeiro 06, 2007

Referendo: Protestantes metodistas admitem voto no "sim"

Completamente louvável a posição desta Igreja, enveredando por um rumo mais consciente e racional do que o seguido pela igreja católica.
(O recorte seguinte chega até nós através da articulação entre a camarada Odete João e o Pelouro da Comunicação-Tiago Gonçalves)


Lisboa, 05 Jan (Lusa) - A Igreja protestante Metodista portuguesa admite que os seus membros votem "Sim" no referendo sobre o aborto que se realiza a 11 de Fevereiro, desde que essa seja uma opção "tomada em liberdade informada".

"O respeito pela vida que a Bíblia manifesta deve ser entendido à luz do sentido pleno de humanização", considera a organização cristã evangélica, habitualmente conhecida como protestante, que tem em Portugal um universo à volta de 2.000 seguidores.

"A Lei da Despenalização do Aborto não obriga ninguém a abortar e limita-se a condicioná-lo temporalmente até às 10 semanas, limite que o actual grau de conhecimentos científicos aponta como recomendável", refere um documento elaborado pela Igreja Evangélica Metodista Portuguesa.

O texto foi elaborado antes do anterior referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), realizado em 1998, mas, segundo o bispo desta Igreja, José Sifredo Teixeira, continua a traduzir a posição deste grupo religioso protestante.

"Não se deve falar de homicídio ou assassínio, quando nos referimos a um aborto dentro do prazo proposto [de dez semanas]. O feto não é pessoa. É dependente da mãe nas primeiras 20 semanas e só é realmente viável (quando é) à 28ª s emana", sustenta o texto disponível na página desta igreja na Internet.

A postura deste grupo insere-se numa postura mais liberal, reconhecida pelos outros evangélicos que integram a Aliança Evangélica Portuguesa, o segundo maior grupo religioso em Portugal, que se opõe frontalmente ao aborto.

De acordo com o seu presidente, pastor João Cardoso, a Aliança, "no essencial, não há grande diferença perante a Igreja Católica" em relação ao aborto.

Divergem sim em relação aos contraceptivos e no casamento dos seus sacerdotes: os evangélicos defendem o uso de métodos para evitar a gravidez e o matrimónio dos seus pastores, possibilidades que a Igreja Católica rejeita veementemente.

"Achamos que a lei actual é mais do que suficiente. Com as condições que existem actualmente, só quase engravida quem quer", sustentou João Cardoso em declarações à agência Lusa.

Ao contrário, defende o pastor evangélico, "deve apostar-se na prevenção".

A Aliança Evangélica tem cerca de 250 mil membros em Portugal, segundo o seu presidente, e não 200 mil como a Lusa noticiou quinta-feira com base em informações avançadas pelo gabinete de relações públicas da estrutura religiosa.

Ao todo, esses membros distribuem-se por perto de 2.000 igrejas espalhadas pelo país.

AMN.

Lusa/Fim

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