sexta-feira, novembro 10, 2006

Tudo uma questão dietética....

Greve. Durante dois dias tivemos alguns dos sectores públicos paralisados. Comecemos por analisar o Artigo 57.º da Constituição da República Portuguesa:
1. É garantido o direito à greve
2. Compete aos trabalhadores definir o âmbito de interesses a defender através da greve, não podendo a lei limitar esse âmbito.

Vamos então inventariar os motivos, os quais (estes) trabalhadores pretenderam defender com esta greve:
"a intransigência negocial do Governo", a lei da mobilidade, o congelamento das progressões nas carreiras, os aumentos salariais e o aumento das contribuições para a ADSE.
por Bettencourt Picanço
In Diário Digital/Lusa



De facto, é quase inacreditável. Uma questão: Esta é a função pública Portuguesa? Não, peço desculpa, devo estar equivocado. Não, é de todo impossível! Até porque a nossa função pública não consome o equivalente a 15,5% do PIB. Ou será que consome?!
Perdoai-me o tom irónico, mas na verdade, esta situação, só pode ser analisada com ironia e com bastante bom humor.
Em Portugal existe uma enorme disparidade social, é inequívoca a diferença entre trabalhador do sector privado e trabalhador do sector público. É inegável que o sector público tem privilégios desajustados à sua condição, mais, desajustados dada a sua posição relativa. Num país nas condições económicas como o nosso, não é mais suportável esta amplitude entre público e privado. A tendência, em qualquer economia é a diminuição da “barriga do Estado”. E são precisamente estas “células gordas” que ontem e hoje vimos protestar. E Porquê? Porque constataram que o “Dietético OGE 2007” concretizava finalmente os antídotos necessários para pôr em prática as receitas do “nosso” médico financeiro.
Obviamente que o desejável, utópico contudo, seria um equilíbrio entre ambos por via da equiparação, do sector privado ao público, isto é, a atribuição dos privilégios, de que usufrui o público, ao privado. Mas, como qualquer leigo percebe, isto seria impossível. Há então que equiparar ambos de outra forma. O funcionamento geral do sector privado parece-me justo e razoável. Pois bem, é este esquema de funcionamento que será importado para o sector público. Isto é, primeiramente acontece a planificação e gestão dos recursos humanos, de seguida extinguem-se as sobras, para depois implantar regimes e mecanismos que possibilitem o reconhecimento dos competentes e a penalização dos menos competentes, de modo a atingir-se uma verdadeira justiça, igualdade e mais ágil funcionamento em toda a máquina do estado e consequentemente sociedade. Assim, vejo eu, esta reforma em concreto. Já certas pessoas, preferem alinhar no jogo político, tentando arremessar areia aos olhos de todos nós, pregando o Sermão do coitadinho, do inocente e do injustiçado. Ora, conscientemente pergunto: como seria para estes senhores trabalhar numa comum empresa? Seria difícil viver sem ADSE paga por todos nós? Seria difícil viver sem progressões automáticas? Melhor, seria bastante difícil viver com o patrão presente, ao contrário do que acontece nos empregos do estado.


Por Nuno Cordeiro

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