terça-feira, maio 09, 2006

Temas para debate na Tertúlia «Portugal e a Europa: Que futuro?»

Avaliação da adesão de Portugal à UE

Os portugueses revelam, desde o início da integração, atitudes afectivas positivas relativamente à pertença de Portugal à UE. Ao longo dos últimos 20 anos, a percentagem de cidadãos nacionais que considera que a integração europeia é “uma coisa boa” foi sempre superior a 50 por cento. No início da década de 90 registaram-se os valores mais elevados de entusiasmo europeu em Portugal, tendo o auge sido atingido em 1991 – ano em que, em média, 78 por cento dos cidadãos nacionais considerava a integração europeia “uma coisa boa”. Este período foi imediatamente sucedido pela fase mais euro céptica da opinião pública portuguesa (1994-97). Desde 1998 até ao momento actual, apenas com ligeiras oscilações, cerca de 60 por cento dos portugueses partilha a ideia de que a UE é “uma coisa boa”.

Uma expressiva maioria de portugueses (70 por cento) sente-se orgulhosa de ser europeia, valor superior ao registado na média da UE (63 por cento). Ainda assim, os cidadãos nacionais sentem-se sobretudo orgulhosos de serem portugueses (89 por cento), não se distinguindo a este nível da média dos cidadãos da UE (87 por cento).


A Constituição Europeia após os referendos na Holanda e na França

No seguimento da rejeição por referendo do Tratado Constitucional pelos franceses e holandeses, podemos constatar que o apoio do conjunto dos europeus à ideia de uma constituição europeia aumentou ligeiramente face ao inquérito anterior, embora tal aumento esteja dentro da margem de erro. 63 por cento dos europeus desejam uma constituição europeia, enquanto há 6 meses apenas 61 por cento partilhavam esse sentimento. Pelo outro lado, os seus opositores diminuíram ligeiramente de 23 por cento, no semestre anterior, para 21 por cento. Passando para o caso português, vemos que o apoio à ideia de uma constituição também aumentou em Portugal, subindo de 59 para 63 por cento. Da mesma forma, o número de opositores aumentou 1 ponto percentual para os 13 por cento. A novidade passa pela redução dos que não sabem ou não respondem, que diminuíram, em Portugal, de 29 para 24 por cento. Mesmo assim, esta percentagem continua elevada face à média europeia (16 por cento).


O Alargamento da União

Em Portugal, os inquiridos continuam a exibir um maior apoio a um novo alargamento do que a média europeia. 55 por cento dos portugueses são defensores da entrada de novos países na União, enquanto apenas 25 por cento se opõem. Aqueles que não tem opinião em Portugal permanecem estáveis nos 20 por cento, 8 pontos percentuais acima da média europeia. Os países mais entusiastas de um novo alargamento são a Grécia (74 por cento), a Eslovénia (74 por cento) e a Polónia (72 por cento). Inversamente, os países que rejeitam maioritariamente a entrada de novos países são o Luxemburgo (63 por cento), a França (60 por cento), a Áustria (60 por cento), a Alemanha (59 por cento), e a Finlândia (51 por cento).

A possibilidade da adesão da Turquia à UE é rejeitada por 55 por cento dos inquiridos, o que constitui um aumento de 3 pontos percentuais face ao semestre anterior (52 por cento). Também se registou uma diminuição nos apoiantes da entrada da Turquia na União, que baixaram dos 35 por cento para 31 por cento. A oposição à entrada da Turquia também parece estar para além da clivagem velhos/novos Estados-membros, visto que os 10 novos Estados-membros também rejeitam maioritariamente essa possibilidade (44 por cento de oposição contra 38 por cento de apoio).
Para além da Turquia, existem 5 outros países cuja entrada é mais rejeitada do que apoiada: a Albânia (50 por cento), a Sérvia-Montenegro (44 por cento), a Bósnia-
Herzegovina (43 por cento), a Ucrânia (43 por cento de rejeição) e a Macedónia (42 por cento). Por contraste, a Suiça e a Noruega aparecem destacadas como os países 42
que os europeus mais queriam que fizessem parte da UE, ambos com 77 por cento de
apoio à sua entrada.

Tal como já acontecia no inquérito anterior, os portugueses continuam a apoiar maioritariamente a entrada da Turquia na UE, embora por uma pequena margem. 40 por cento dos inquiridos apoia a entrada desse país, enquanto 38 por cento a rejeita. Contudo, em relação aos resultados do semestre anterior, os apoiantes da entrada da Turquia sofreram uma redução de três pontos percentuais e os opositores subiram cinco pontos percentuais. Aqueles que não sabem/não respondem cifram-se, em Portugal, nos 22 por cento, tendo caído dois pontos percentuais face ao anterior inquérito, sendo ainda 8 pontos percentuais mais elevados do que a média europeia.Em relação a todos os países, confirma-se a já reportada tendência dos portugueses não rejeitarem maioritariamente a entrada de nenhum país na UE.

In Eurobarómetro - Outono de 2005

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